O presidente da República afirmou em pronunciamento que empresário é criminoso e que gravações foram editadas para acabar com o governo
Isac Nóbrega/PR - 18.5.17Presidente Michel Temer afirmou que vai pedir suspensão do inquérito e chamou o empresário Joesley Batista de criminoso
Em pronunciamento na tarde deste sábado (20), no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente da República, Michel Temer, afirmou que vai solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do inquérito aberto contra ele.
O presidente afirmou que o Supremo Tribunal Federal deve suspender o processo até que se comprove a autenticidade das gravações. Ainda durante seu pronunciamento, Temer questionou as informações que constam nas gravações e nos vídeos com o depoimento do empresário Joesley Batista, a quem se referiu como “criminoso”.
Michel Temer fez questão de frisar que o áudio não foi periciado e citou a publicação de um jornal de circulação nacional que afirmou que as gravações tiveram, ao menos, 50 edições. Com tom mais suave do que o da última quinta-feira (18), Temer disse que as gravações “clandestinas e manipuladas” levaram o Brasil a uma grande crise. “A abertura do inquérito sem a devida averiguação levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”.
Temer aproveitou para ironizar que Batista, após “especular com a moeda brasileira e lucrar milhões e milhões de doláres em menos de 24 horas, já que ele sabia do caos que causaria no câmbio” com o impacto das informações no mercado financeiro, está solto em Nova York. “Enquanto ele está livre e solto passeando pelas ruas de Nova York, eu tenho que assumir a grave situação que o País ficou após as afirmações criminosas”.
Insatisfação
O presidente da República cravou que as gravações mostram a sua inocência, uma vez que a acusação de que ele teria comprado o silêncio do ex-deputado, Eduardo Cunha , não aparece em nenhum momento nos áudios divulgados. “Ele mencionou a compra de silêncio de um tal deputado, mas isso não foi comprado nem nos áudios nem em seus depoimentos”, ressaltou Temer.O presidente, em todo momento, levantou questões em relação às denúncias de Joesley e tentou deixar claro que nada passou de birra de um empresário que não conseguiu nenhuma “benesse” de sua parte e de seu governo. “Esse senhor, nos últimos dois governos teve empréstimos bilionários com o BNDES para fazer avançar os seus negócios. Prejudicou o Brasil, enganou os brasileiros e agora mora nos Estados Unidos”.
O presidente Michel Temer foi enfático ao dizer que os áudios demostram insatisfação com o seu governo. “Ele estava insatisfeito com o meu governo. Reclamou do Ministro da Fazenda, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com o BNDES . Essa é a prova cabal de que meu governo não estava aberto a ele”, disse.
Ele aproveitou para reinterar que não deixará ao cargo, uma vez que o seu governo tirou o "País da sua maior recessão histórica". "Nos conseguimos acabar com a recessão econômica, reduzir a inflação, a taxa de juros (Selic), aumento o número de empregos. Nós estamos no caminho da recuperação econômica, colocando o País nos trilhos".
Crise política e econômica
Michel Temer vive o seu pior momento político desde que assumiu a presidência da República há pouco mais de um ano. Na última quarta-feira (17) foi divulgado denúncias de que Temer teria comprado o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha para evitar ter seu nome citado em delações da Lava Jato. As denúncias envolvem ainda o senador, agora afastado, Aécio Neves.A denúncia foi feita pelo empresário proprietário da JBS, Joesley Batista e seu irmão Wesley Batista. Na data o empresário afirmou ter áudios de uma conversa com o presidente no Palácio do Jaburu, em Brasília, em que ele pedia para silenciar Cunha e evitar assim uma possível investigação pela Polícia Federal, com a Operação Lava Jato.
O pronunciamento deste sábado (20) é contrário ao feito pelo presidente na ultima quinta-feira (18). Um dia após o escândalo ter abalado as estruturas de seu governo, Michel Temer negou todas as acusações durante o pronunciamento. “Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação, não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizassem o meu nome indevidamente”.
Temer pediu urgência nas apurações dos fatos para mostrar sua inocência e contrariando todas as expectativas de aliados e oposição, não renunciou ao cargo. “Não renunciarei, repito, não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida, para os esclarecimentos ao povo brasileiro”, disse.
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