Anonymous Convidado  • 24.10.16 21:19

Pokémon GO | Crítica Empty Pokémon GO | Crítica 24.10.16 21:19

[Este texto foi atualizado após o lançamento do jogo no Brasil]


Como separar um jogo de seu sucesso? Este é um exercício fundamental para qualquer crítica, e torna-se especialmente árduo no caso de Pokémon GO. Sem dúvidas um fenômeno social, o título mobile de uma das principais propriedades da Nintendo foi catapultado ao mainstream com tanta força - em um evento comparável ao próprio surgimento da franquia em Pokémon Red/Blue - que é difícil analisá-lo sem julgá-lo pela proporção de sua fama.


É importante dizer isto porque, ao deixar de lado o seu êxito de público sem precedentes, Pokémon GO é um jogo simples e, em diversos aspectos, rudimentar. Mas, em muitas maneiras, é exatamente por isso que deu tão certo.


É fácil entender os motivos pelos quais não conseguimos sequer parar de falar sobre Pokémon GO. Este é um título que mexe com uma fantasia muito poderosa ao trazer, para mais perto da realidade, um dos mundos fictícios mais queridos da cultura pop.


A ideia de capturar pokémon no mundo em que vivemos é boa demais para ser verdade e, juntando aí o fator nostalgia ao limitar o catálogo aos 151 monstros iniciais, temos a concretização de um sonho adormecido há anos no subconsciente de toda uma geração. Seria necessário um jogo muito ruim para estragá-lo.


Em alguns momentos, Pokémon GO chega perto.





O sucesso absurdo (mas nem um pouco imprevisível) do game desenvolvido pela Niantic Labs, um estúdio formado por ex-integrantes do Google Earth que também produziu Ingress, fez com que a sobrecarga de servidores tornasse o simples ato de jogá-lo impossível - que o digam os jogadores brasileiros, que, por conta de servidores lotados, acabaram esperando mais um mês para conseguir capturar monstros por aqui.


Mas até mesmo em regiões nas quais o jogo funciona, como os Estados Unidos (onde tivemos a oportunidade de jogar o game antes de sua chegada ao Brasil) também sofrem com problemas de desempenho. Fechamentos repentinos do aplicativo eram comuns, bem como lentidões resultantes da necessidade de se comunicar com o servidor a praticamente cada ação tomada no game, de simples passos ao ato de capturar. Felizmente, estes problemas diminuiram consideravelmente algumas semanas após o lançamento do jogo em território nacional.


As maiores queixas dos usuários, como o consumo excessivo da bateria provocado pelo uso simultâneo de dados, GPS e câmera, também atrapalham e muito a experiência. Esta é uma boa época para começar a vender carregadores portáteis de celular.


O que a Nintendo deve aprender com o sucesso de Pokémon GO
Fora todos estes problemas, que devem ser corrigidos ou amenizados com o passar do tempo e com o lançamento do jogo ao redor do mundo, todo o jogo continua extremamente básico. Não estamos falando da simplicidade elegante de seus predecessores em portáteis da Nintendo, e sim de algo que exige muito pouco do jogador, até quando o comparamos com outros títulos de smartphones.



Sua interface é bonita, mas também é muitas vezes contra-intuitiva (tente encontrar sozinho como pegar itens de uma Pokéstop ou acessar configurações) e a aparição dos pokémon no mundo real sequer chega perto do que os trailers sugeriram, que rendem imagens inusitadas em menos de cinco minutos de jogo.


Temos que pegar, e pegar, e pegar
Mas a simplicidade também traz muitos pontos positivos para Pokémon GO e, no fim das contas, é o responsável pela adesão em massa do público. A Niantic abdicou de quase todos os elementos dos jogos dos portáteis e se focou na captura de pokémon. Trocas e batalhas mais complexas, além das existentes nos ginásios (falaremos sobre isso mais adiante) foram ignoradas em detrimento do aspecto mais primordial da franquia.


Mais do que pegar todos, como manda a música-tema no coração de todos os fãs, Pokémon GO pede que você acumule e acumule monstrinhos, dando valor até mesmo à quantidade. Quanto mais, melhor, já que é necessário capturar o mesmo tipo de pokémon várias vezes para juntar Candies, usados para fortalecer seus poderes de luta e para evoluí-los.


As evoluções, por enquanto, servem mais para completar a sua Pokéagenda, já que os combates são resumidos a tocar na tela repetidamente para enviar comandos de ataque aos monstros. Estes duelos só podem ser feitos em ginásios, que, à semelhança de Ingress, podem ser capturados em nome de um dos três times, aos quais você precisa se juntar quando chega ao nível 5: Instinct, Mystic e Valor.



As batalhas pokémon iguais às existentes nos games dos portáteis ainda não existem em Pokémon GO, e certamente este é um lado da franquia que precisa aparecer em futuras atualizações. Por fim, há também Pokéstops, pontos de interesse que dão itens ao jogador.


É focando-se no lado de captura e coleção de monstros que Pokémon GO revela seu ponto mais forte enquanto fenômeno social. Até dá para capturar pokémon dentro de casa com certa facilidade - especialmente àqueles que aparecem aos montes nos portáteis, como Pidgeys, Rattatas e Zubats -, mas, para conseguir os mais raros e mais interessantes, é preciso bater perna. Pokémon GO realmente é um jogo que pede para você sair e explorar a cidade.


Mais do que explorar, Pokémon GO é um jogo que incentiva a socialização. Se caçar pokémon na rua é uma atividade perigosa ou não, fica a cargo de onde você vai jogar, mas, ao menos entre os treinadores, a tendência é se ajudar. Proposital ou não, a ausência de instruções específicas de como jogar dentro do aplicativo acaba abrindo mais espaço para a comunicação entre os jogadores, que vão dando dicas uns aos outros. GO faz jus às raízes comunitárias de seus mais antigos antecessores, que exigiam do jogador o contato com outras pessoas para obter, via troca, os monstros que não existiam na sua versão.


Pokémon GO é um jogo muito simples, mas se passa no melhor dos mundos: o nosso. Não estão errados aqueles que questionarem o motivo de seu sucesso, baseado no que é possível fazer dentro do aplicativo e, pensando apenas na parte técnica, ele mostra apenas um lampejo das possibilidades que a realidade aumentada proporciona nos games. Mas, mesmo fazendo pouco e com alguns tropeços, o título da Niantic e da Nintendo cumpre com a promessa de fundir, ainda que de maneira muito básica, a ficção com a realidade. E, por isso, é um fenômeno.



Pokémon GO está disponível gratuitamente para iOS e Android. O game foi testado em um iPhone 5S.
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