Quem acompanha o cenário de produção de games no Brasil já deve ter percebido que a qualidade dos jogos é cada vez maior. Vários projetos realmente legais e que podem entrar no mercado pra valer têm aparecido nos últimos tempos. Vocês devem se lembrar de Mr. Bree, por exemplo. Dessa vez nós vamos conhecer um jogo que está sendo feito lá no Nordeste, em Teresina, no Piauí, e não fica atrás dos jogos independentes que vemos mundo a fora.
Com o sugestivo nome de Cangaço, o game nos leva à caatinga para conhecer um conturbado período na história do Brasil. No jogo, você pode controlar três personagens: o Cangaceiro, a Cangaceira e o Capitão da Volante. Cada um deles tem uma trajetória própria com dois finais possíveis, decididos de acordo com suas escolhas ao longo da campanha.
A estrutura é a de um RPG tático, semelhante ao Final Fantasy Tactics ou ao Fallout Tactics, no qual você assume o comando de uma tropa de 3 a 4 personagens e evolui os atributos a cada nível conquistado.
Existem dois modos de jogo em Cangaço. Em Campanha, você percorre as histórias da maneira como ela deve ser contada; já no modo Multiplayer, é possível enfrentar outros jogadores em duelos online. O jogo ainda não foi lançado oficialmente e os desenvolvedores prometem uma ferramenta de criação de mapas bastante intuitiva para que cada um possa criar seu próprio conflito.
Mas, além disso, o que destaca o Cangaço é a beleza e o capricho com que tudo foi feito. É notável em cada parte do mapa, em cada personagem e na trilha sonora a exigência alta pela qualidade que a Sertão Games registrou em seu novo game.
Para compor a história e seus detalhes, por exemplo, a equipe contou com a assessoria de um especialista em cangaço durante todo o período de produção.
Talvez uma das coisas mais legais que vimos nesse jogo é o jeito escolhido para pintar os cenários e personagens, com lápis de cor em um processo meio complicado, mas que Erick Passos, CTO da Sertão Games, explica:
“Inicialmente os personagens (ou objetos) são modelados em 3D com o processo padrão da indústria: high-poly -> retopologia -> mapeamento UV -> geração de normal-maps, ambient-oclusion e alguns light-maps. Após isso, uma combinação do UV map + ambient oclusion é impresso em papel, que é usado como referência para a pintura tradicional com lapis de cor (usando uma lightbox). Essa textura ‘analógica’ é escaneada em alta resolução e realinhada com as outras camadas (ambient oclusion e light maps). O resultado é que conseguimos uma paleta de cores original, que não é fácil de se obter com pintura puramente digital, sem isso ter dificultado demais o trabalho”.
Seria injusto encerrar um texto sobre esse jogo sem citar o trabalho musical feito exclusivamente para ele. Ao todo, 25 músicas foram compostas para acompanhar as aventuras no Sertão Nordestino, em um trabalho primoroso de Carlos Pazuzu, fortemente inspirado na viola nordestina.
Jogar a demo de Cangaço foi uma experiência ótima. Talvez essa seja a primeira vez em que a cultura brasileira tenha sido levada para um jogo independente de qualidade e que não deve encontrar dificuldades no mercado.
Cangaço será lançado em abril deste ano para PC e Mac, também com versões em inglês e espanhol, mas com áudio em português. Segundo Erick, é possível que saia uma versão para tablets no futuro, mas ainda não existe nenhuma certeza.
As venda serão feitas pelo site do jogo, cangaco.com, e por serviços de venda online, como GoG.com e Nuuvem. A empresa também espera conseguir emplacar o jogo no Steam. Ainda não há preço definido para o lançamento de Cangaço.
Veja mais algumas fotos abaixo:
Fonte: Kotaku Brasil