Botucatu na rota dos OVNIs há 50 anos (Brasil) 20.06.18 0:29
O site jcnet.com.br publicou o seguinte artigo sobre eventos ovnilógicos que ocorreram em Botucatu, estado de São Paulo, Brasil:
No próximo dia 1 de julho completa 50 anos de um dos fenômenos mais comentados em Botucatu: a suposta descida de uma nave extraterrestre em uma área do distrito de Rubião Júnior, onde atualmente é campus da Unesp. O caso é sempre lembrado, porque há registro na imprensa da cidade com depoimentos e fotos das marcas no solo deixadas pelo objeto que teria aterrissado. É um assunto até hoje que continua polêmico, ajudou a impulsionar o aparecimento de outros avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados (ÓVNI), principalmente próximo às Três Pedras, na chamada Cuesta.
O assunto gera tanta discussão que o estudante Jean Carlos Guaré Madrid, morador naquele município, decidiu escolher o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obter o diploma de jornalismo ao elaborar uma reportagem de rádio sobre o pouso nas Três Pedras, o relato surpreendente de contatos extraterrestres na cidade de Botucatu. O trabalho foi apresentado esta semana na Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru. “Até hoje existe uma dificuldade de as pessoas envolvidas no caso falarem ou concederem entrevistas. Sempre pedem o anonimato com receio de serem ridicularizadas”, conta.
A aparição desses objetos alimenta uma especulação, mas sempre envolto de mistério. A região da Cuesta seria um local propício para as aparições dessas luzes, segundo ufólogos. O historiador João Figueiroa que tem arquivado digitalmente as fotos do acervo do jornal Gazeta de Botucatu tem as fotografias da época do local onde supostamente teria descido a nave. Há também o caso é da abdução de João Valério de Souza considerado irreal para muitos. “É uma história fantástica que as pessoas brincam e não levam a sério, mas o caso foi relatado em livro divulgado no exterior”, conta o historiador.
Mas há muita fraude e casos que podem ser explicados tecnicamente. Em São José dos Campos, o engenheiro eletrônico Ricardo Varela é conhecido como um pesquisador desses relatos. Ele trabalha na área de tecnologia da informação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e passou a analisar esses casos. De acordo com ele, de 100 apenas de 3 a 2 dois casos não tem explicação.
Varela não é um cético, mas procura buscar meios científicos para analisar os casos. Segundo ele, mesmo os casos relatados pela Força Aérea Brasileira (FAB) são muito mal apurados. Os milhares de documentos que a Aeronáutica liberou demonstram que poucos foram os casos que continuaram a ser investigados. Uma dessas exceções é a “Noite dos Óvnis” que atormentou São José dos Campos em 19 de maio de 1986 e até hoje não tem explicação. “A justificativa é falha nos equipamentos”, disse Varela, que falou por telefone ao JC sobre o registro de objetos voadores não identificados.
O ufólogo Braz Titon admite que esse caso é uma dúvida até hoje, porém os testemunhos da suposta aparição são vários depoimentos. Segundo ele, não iriam inventar o fato de tão real como foi contado. "Teve testemunhas, algumas ainda estão vivas, e viu o final do acontecimento. É um assunto que pode ficar a dúvida: pode, como a maior parte dos casos ficam, mas esse é bem importante para ufologia e divulgado até na revista da Time Life na época", relembra.
Titon afirma que da maior parte dos avistamentos, em torno de 99%, são criatividade e até mentira. "A pessoa inventa cria e faz", cita, relembrando um caso de aparição registrado em Agudos em fevereiro de 2011, posteriormente desmentido por se tratar de uma campanha publicitária.
O pesquisador Ricardo Varela, que trabalha em São Bernardo do Campo e pesquisa o fenômeno, é da mesma opinião de Titon de que um porcentual pequeno dos casos não tem uma explicação (leia texto na página 19).
O ufólogo botucatuense relembra que a imagem de Agudos era muito bem feita. "A pessoa fez dramatização muito boa, por isso 99% dos casos são mentirosos, mas 1% não tem explicação. Botucatu é um desses locais onde tem alta incidência desses casos, temos a Cuesta, o Aquífero Guarani o maior reservatório de água do mundo e muitas represas na região. "Tudo isso é energia e atrai esses Óvnis", conta.
É um assunto polêmico que gera inquietações. Segundo Titon, quem testemunhou geralmente não gosta de falar sobre os casos por terem receios de serem ridicularizados. O ufólogo admite que as testemunhas do caso de 1968, ainda garotos, já na vida adulta não gostam e evitam comentar sobre os casos.
O estudante de jornalismo Jean Carlos Guaré Madrid, de Botucatu, que fez um trabalho de conclusão de curso sobre o tema, confirma que encontrou dificuldade para ouvir as pessoas que testemunharam algum fenômeno (leia texto nesta página).
O historiador João Figueiroa, que pesquisa a história de Botucatu, tem em seu acervo a matéria e as fotos da época. "É um assunto tabu por ficar entre o real e verdadeiro, mas a matéria não é fantástica trabalha com pessoas reais", explica.
As testemunhas são crianças e uma senhora que viu a nave. "O disco chegou voando bem baixo e foi visto a curta distância por uma senhora, uma professora aposentada residente em Rubião, que deu pouca importância, para não ser chamada de 'biruta'. O objeto era cinza, sem asas, com cúpulas em cima e em baixo, e voava inclinado ligeiramente em relação ao chão. Porém, tendo pousado minutos depois, em outro lugar, mais ou menos umas 12h10, foi flagrado por três meninos que ali brincavam, quando já tinha descido a escadinha central, tendo ficado estacionado uns 20 ou 30 minutos", relata Figueiroa com base na matéria da época.
De acordo com ele, muitas pessoas viram, mas é um assunto muito polêmico até hoje. As testemunhas hoje já adultos não falam e se recusar a comentar. "É um assunto quase irreal e não levado a sério. É um caso que caiu no esquecimento e vira deboche", revela.
Estudante usa tema como TCC em Bauru
Não tem como fugir do assunto em Botucatu. De tanto ouvir essas histórias sobre disco voador o estudante Jean Carlos Guaré Madrid decidiu escolher o trabalho de conclusão de curso (TCC) para obter o diploma de jornalismo na Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru. Ele produziu uma reportagem de rádio sobre o pouso nas Três Pedras, o "relato surpreendente de contatos extraterrestres na cidade de Botucatu" apresentado na última semana. "Até hoje existe uma dificuldade de as pessoas envolvidas no caso falarem ou concederem entrevistas. Sempre pedem o anonimato com receio de serem ridicularizadas", conta.
Essa é uma das constatações de Jean que procurou ufólogos e pessoas que dizem ter visto os Óvnis. É um tema tabu levar um assunto desses que, na maior parte das vezes tem uma conotação mais para o misticismo do que para a ciência. O estudante admite que ficou espantado pelo número tantas pessoas admitirem ter visto.
O receio de expor é um comportamento também citado pelo ufólogo Braz Titon e o historiador João Figueiroa. No município já teve até evento de ufologia em uma fazenda. Jean no material colhido conta a história da abdução de João Valério de Souza, relato esse que foi feito a ufologista que publicou em livro em inglês e alemão. "É o relato mais forte que tem aqui. O outro é o que aconteceu na área onde é atualmente o campus da Unesp em Rubião Jr. Nesse caso consegui localizar os pais das crianças, mas evitam comentar porque o caso teve muita repercussão na época", relatou.
O estudante afirmou que o município, também conhecido como terra do Saci com muitas lendas, o assunto ufologia é muito polêmico, porque não tem como comprovar os fatos. "O que achei de material é o livro publicado no exterior e material da imprensa divulgado na época."
Jean verificou que as áreas periféricas próximas às Três Pedras são de maior incidência de aparições. O local também descrito pelo frei Fidélis ainda no século passado. De acordo com João Figueiroa, o religioso enveredou mais para o misticismo, mas muito dos seus relatos atribui para casos nesta região de Botucatu. O religioso fez um estudo detalhado do caminho percorrido pelos indígenas antes do período do descobrimento do país. O local era repletos de forças místicas e esotéricas.
Portal do multiverso
Até hoje não existe explicação. Há quem não acredite no fenômeno e atribui a um tipo de lenda urbana. O município de Botucatu é conhecido de ser um local de aparições de Objetos Voadores Não Identificados (Óvnis), principalmente pela sua localização próximo à Cuesta. O caso mais emblemático ocorreu em 1 de julho de 1968, por volta do meio-dia, quando pousou um objeto no Distrito de Rubião Jr., em área onde fica atualmente o campus da Unesp.
Um dos registros é uma matéria do Correio de Botucatu que trouxe fotos com marcas de três buracos "que poderiam ser o tripé de apoio do objeto" e a uma distância entre os sinais, dois outros afundamentos na areia, a que "logo imaginaram ser a escadinha" para possíveis desembarques. A matéria também traz testemunhos de crianças e de pessoas que teriam avistados a tal nave. Esse material foi resgatado pelo historiador João Figueiroa.
O ufólogo Braz Titon admite que esse caso gera dúvida até hoje. Segundo ele, as testemunhas não iriam inventar o fato, porque é muito bem contado. "Teve testemunhas, algumas ainda estão vivas, viu o final do acontecimento. É um assunto que pode ficar a dúvida: pode, como a maior parte dos casos ficam, mas esse é bem importante para ufologia e divulgado até na revista da Time Life na época", relembra.
Titon afirma que a maior parte dos avistamentos, em torno de 99%, são criatividade e até mentira. "A pessoa inventa cria e faz", cita, relembrando um caso de aparição registrado em Agudos em fevereiro de 2011, posteriormente desmentido por se tratar de uma campanha publicitária.
O ufólogo botucatuense relembra que a imagem de Agudos era muito bem feita. "A pessoa fez dramatização muito boa, por isso 99% dos casos são mentirosos, mas 1% não tem explicação. Botucatu é um desses locais onde tem alta incidência desses casos, temos a Cuesta, o Aquífero Guarani o maior reservatório de água do mundo e muitas represas na região. Tudo isso é energia e atrai esses Óvnis", conta.
É um assunto polêmico que gera inquietações. De acordo com Titon, quem testemunhou geralmente não gosta de falar sobre os casos por terem receios de serem ridicularizados. O ufólogo admite que as testemunhas do caso de 1968, ainda garotos, já na vida adulta não gostam e evitam comentar sobre os casos. O estudante de jornalismo Jean Carlos Guaré Madrid, de Botucatu, fez um trabalho de conclusão de curso sobre o tema e confirma que encontrou dificuldade para ouvir as pessoas que testemunharam algum fenômeno.
O historiador João Figueiroa, que pesquisa a história de Botucatu, tem em seu acervo a matéria e as fotos da época. "É um assunto tabu por ficar entre o real e verdadeiro, mas a matéria não é fantástica trabalha com pessoas reais", explica.
As testemunhas são crianças e uma senhora que viu a nave. "O disco chegou voando bem baixo e foi visto a curta distância por uma senhora, uma professora aposentada residente em Rubião, que deu pouca importância, para não ser chamada de 'biruta'. O objeto era cinza, sem asas, com cúpulas em cima e em baixo, e voava inclinado ligeiramente em relação ao chão. Porém, tendo pousado minutos depois, em outro lugar, mais ou menos 12h10, foi flagrado por três meninos que ali brincavam, quando já tinha descido a escadinha central, tendo ficado estacionado uns 20 ou 30 minutos", relata Figueiroa com base na matéria da época.
De acordo com ele, muitas pessoas viram, mas é um assunto muito polêmico até hoje. As testemunhas hoje já adultos não falam e se recusam a comentar. "É um assunto quase irreal e não levado a sério. É um caso que caiu no esquecimento e vira deboche", revela.
'Há muitos erros de interpretações'
O engenheiro eletrônico Ricardo Varela busca dar mais credibilidade aos estudos sobre objetos voadores não identificados. Ele trabalha na área de segurança da informação no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), porém essa tarefa de "caçador de óvni" é desenvolvida pessoalmente sem ligação com o instituto em São Bernardo dos Campos, que, de acordo com o ufólogo, não tem interesse em pesquisar o tema considerado tabu na academia. Varela se interessou no assunto após assistir a uma palestra do general Alfredo Moacyr Uchôa em 1982, em Brasília, um dos pioneiros da ufologia, no Brasil, e também estudioso da parapsicologia.
O general escreveu vários livros dos quais "Além da parapsicologia – 5.ª e 6.ª dimensões da realidade; "A parapsicologia e os discos voadores – O caso Alexânia"; "Mergulho no hiperespaço – Dimensões esotéricas na pesquisa dos discos voadores"; Muito além do espaço e do tempo"; entre outros.
A maior parte dos casos de Óvnis são erros de interpretações, há aparições que podem ser explicadas cientificamente e uma porcentagem muito pequena, algo abaixo de 3%, não são explicadas de nenhuma forma, daí vem acrônimo UFO (Unidentifield Flying Object) cunhado pelos americanos que traduzido para o português é Objeto Voador Não Identificado (Óvni). Também não significa que são naves extraterrestres, mas a conotação com algo que vem do espaço é usual.
De acordo com ele, num levantamento que não é muito preciso aponta de que 100% dos casos analisados uma pequena porcentagem é inexplicável e, por enquanto, ainda não há meios para chegar a uma conclusão. O restante tem erro de interpretação ou "aberração óptica", termo para explicar que falhas em filmagens e ao bater a fotografia gera falso negativo. A seguir os principais trechos da entrevista dada por telefone pelo especialista em ufologia.
JC - Existe um levantamento que cerca de 97% dos casos têm explicação e no mínimo 3% de casos são inexplicáveis?
Ricardo Varela - Olha até menos do que isso. As estatísticas existentes não têm muita precisão, não há ainda um levantamento muito sério. A gente faz o que cada um dos colegas (ufólogos) também fazem: para chegar a um valor o índice é até menor dessas projeções de casos inexplicáveis. Em cada 100 deles, talvez tenham dois ou três válidos.
JC - O que é a maior parte dos casos?
Ricardo Varela - Tem de tudo, a primeira delas é erro de interpretação como chamamos. É, por exemplo, ver um avião na posição diferente, mas você acha que é um Óvni. Normalmente, no outono-inverno no fim de tarde, há rastro de condensação de gás que fica curtinho - aquela fumaça que se forma e misturada ao pôr do sol parece um disquinho dourado. Isso tem reflexo interno em lentes, é o que chamamos de 'aberrações' ópticas. Os erros de croma [alta saturação pode misturar cores], os efeitos de prisma da lente, dependendo do ângulo que a luz está incidindo, separa a luz nas cores primárias, que é vermelho, verde e azul. Essas cores formam bolinhas. Então, isso é muito comum. Há também quando tira a foto com flash em dia muito úmido, aparece as bolinhas brancas, que são o reflexo da luz do flash. E por aí vai, até pássaros voando pode dar a impressão de algo diferente em movimento conforme é avistado a distância.
JC - Houve período de muita incidência em determinado com relatos de objetos voadores, mas depois há retração?
Ricardo Varela - Quando de repente aparecia os casos na televisão, as pessoas ficavam mais conectadas. Hoje com os celulares - todos têm câmeras potentes - essa onda fica diluída. Continua acontecendo (as aparições), mas são atenuadas pela quantidade enorme de erros de interpretação. Não parece mais que existe uma onda de aparições de objetos voadores não identificados, a impressão são de vários eventos no ano todo, porém antes existia onda de aparições em determinado período e por isso ficava mais conhecido e divulgado os casos. Atualmente tem quantidade muito grande de vídeos e fotos com erros de interpretação por ser muito mais fácil burlar com aplicativos de imagens, porque os equipamentos cada vez estão mais poderosos. Isso causa o que chamamos de falso positivo.
JC - Como é feita essa pesquisa?
Ricardo Varela - Se tem uma foto ou vídeo procuramos identificar ao máximo a questão tecnicamente. O tipo de câmera, as características, se o flash estava ligado, qual era a distância focal, se tinha zoom ou não, os dados sociológicos - quem é a pessoa - os dados do avistamento, a hora, se estava frio ou calor, se tinha nuvem ou não, o local do avistamento, se teve alguma sensação de quente ou frio.
JC - Onde tem mais esse fenômeno?
Ricardo Varela - Por uma razão que a gente não sabe explicar os avistamentos ocorrem muito em serras, regiões onde têm hidrelétricas, ou onde tem material mineral em grande quantidade.
JC - As aparições alimentam histórias de extraterrestre?
Ricardo Varela - Passa a ter a influência sociológica, porque os casos são replicados na internet e geram muitos comentários. O caso cresce de tal forma que você depois não consegue mais negar.
JC - O avanço da tecnologia e a ficção científica alimentam essa onda?
Ricardo Varela - A informação é muito rápida e está acessível 24 horas por dia. Qualquer coisa tem poder de esparramar de uma forma nunca vista. E não fica mais no âmbito local, a repercussão é até internacional.
JC - A Força Aérea brasileira liberou milhares de páginas de documentos sobre registro de óvnis?
Ricardo Varela - Sim, existem milhares documentos, mas pelo que eu li desse material, se observa é que raras vezes existe uma investigação séria. Só há registro e relato. Não existe investigação posterior detalhada. Pelo menos não vimos nenhum documento assim. O primeiro caso que ganhou uma melhora apuração é, de 19 de maio de 1986, em São Bernardo de Campos, em que até o ministro da Aeronáutica pediu abertura de Comissão de Inquérito. Isso nunca aconteceu. Até hoje esse caso não tem explicação. No relatório consta defeito de equipamento. [Veja texto ao lado]
JC - Não existe então explicação de um tipo de fenômeno que ocorre em alguns casos?
Ricardo Varela - Sim, para alguns casos não existe explicação oficial. São indícios que são tão inconstante e instáveis que leva a achar que onde há fumaça há fogo, mas é subjetivo. É um fenômeno nada científico ou observacional.
JC - O que levou você pesquisar este assunto, na academia o tema é polêmico?
Ricardo Varela - É tabu esse assunto. É difícil colocar este assunto para análise científica. Não se consegue montar um ambiente de teste de investigação. Praticamente todos eles podem levar para alguma área da ciência que estudaria o fenômeno.
JC - O INPE não pesquisa?
Varela - O Instituto não tem interesse, eu faço isso pessoalmente. Agora pelos documentos que tivemos acesso, principalmente, de americanos existe uma investigação muito séria, com estatística e no nosso caso do Brasil temos uma liberação de documentos que conseguiu ter um diagnóstico de qual região apresentou mais casos, qual tipo de avistamento, quais as condições. Esse material foi liberado pela FAB. No exterior tem grupos de estudos. Recentemente, um ex-servidor do Pentágono declarou que havia um estudo sistemático de Óvni nos EUA. A Rússia e a China estudam muito. A Bélgica liberou documentos, assim como a França, o que demonstrou que tinham estudo sério, não igual à do Brasil só de registro de algumas ocorrências. O problema é que não existe um critério para o registro desses fenômenos.
Noite dos Óvnis
O engenheiro eletrônico Ricardo Varela busca dar mais credibilidade aos estudos sobre objetos voadores não identificados. Ele trabalha na área de segurança da informaçã no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de São Bernardo dos Campos, porém essa tarefa de "caçador de óvni" é desenvolvida pessoalmente sem ligação com o instituto, que não tem interesse pesquisar o tema considerado tabu na academia. Varela, por exemplo, se interessou no assunto após assistir a uma palestra do general Alfredo Moacyr Uchôa em 1982, em Brasília, um dos pioneiros da ufologia, no Brasil, e também estudioso da parapsicologia.
O general escreveu vários livros dos quais "Além da parapsicologia - 5.ª e 6.ª dimensões da realidade, "A parapsicologia e os discos voadores - O caso Alexânia", "Mergulho no hiperespaço - Dimensões esotéricas na pesquisa dos discos voadores", "Muito além do espaço e do tempo", entre outros.
A maior parte dos casos de Óvnis são erros de interpretações, há aparições que podem ser explicadas e uma porcentagem muito pequena, algo abaixo de 3%, não são explicadas de nenhuma forma, daí vem acrônimo UFO (Unidentifield Flying Object) cunhado pelos americanos que, traduzido para o português, é Objeto Voador Não Identificado (Óvni). Também não significa que são naves extraterrestres, mas a conotação com algo que vem do espaço é usual.
De acordo com ele, num levantamento que não é muito preciso aponta que essa pequena porcentagem é inexplicável e, por enquanto, ainda não há meios para chegar a uma conclusão. O restante tem erro de interpretação ou "aberração óptica", termo para explicar que falhas em filmagens e ao bater a fotografia gera falso negativo. A seguir, os principais trechos da entrevista dada ao JC por telefone pelo especialista em ufologia.
JC - Existe levantamento de que cerca de 97% dos casos têm explicação e no mínimo 3% são inexplicáveis?
Ricardo Varela - Olha até menos do que isso são inexplicações. As estatísticas existentes não têm muita precisão, não há ainda um levantamento muito sério. A gente faz o que cada um dos colegas (ufólogos) também fazem: para chegar a um valor o índice é até menor dessas projeções de casos inexplicáveis. Em cada 100 deles, talvez tenham dois ou três válidos.
JC - O que são a maior parte dos casos?
Ricardo Varela - Tem de tudo, a primeira delas é erro de interpretação como chamamos. É, por exemplo, ver um avião na posição diferente, mas você acha que é um Óvni. Normalmente, no outono-inverno no fim de tarde, há rastro de condensação de gás que fica curtinho - aquela fumaça que se forma e misturada ao pôr do sol parece um disquinho dourado. Isso tem reflexo interno em lentes, é o que chamamos de 'aberrações' ópticas. Os erros de croma [alta saturação pode misturar cores], os efeitos de prisma da lente, dependendo do ângulo que a luz está incidindo, separa as cores primárias, que é vermelho, verde e azul. Essas cores formam bolinhas. Então, isso é muito comum. Há também quando tira a foto com flash em dia muito úmido, aparece as bolinhas brancas, que são o reflexo da luz do flash. E por aí vai, até pássaros voando pode dar a impressão de algo diferente em movimento conforme é avistado a distância.
JC - Houve muita incidência em determinado período com relatos de objetos voadores, mas depois há retração?
Ricardo Varela - Quando de repente aparecia os casos na televisão, as pessoas ficavam mais conectadas. Hoje com os celulares - todos têm câmeras potentes - essa onda fica diluída. Continua acontecendo (as aparições), mas são atenuadas pela quantidade enorme de erros de interpretação. Não parece que existe uma onda de aparições de objetos voadores não identificados, a impressão são de vários eventos no ano todo, porém antes existia onda de aparições em determinado período e, por isso, ficava mais conhecido e divulgado os casos. Atualmente tem quantidade muito grande de vídeos e fotos com erros de interpretação por ser muito mais fácil burlar com uso de aplicativos de imagens, porque os equipamentos cada vez estão mais poderosos. Isso causa o que chamamos de falso positivo.
JC - Como é feita essa pesquisa?
Ricardo Varela - Se tem uma foto ou vídeo procuramos identificar ao máximo a questão tecnicamente. O tipo de câmera, as características, se o flash estava ligado, qual era a distância focal, se tinha zoom ou não, os dados sociológicos - quem é a pessoa - os dados do avistamento, a hora, se estava frio ou calor, se tinha nuvem ou não, o local do avistamento, se teve alguma sensação de quente ou frio.
JC - Onde tem mais esse fenômeno?
Ricardo Varela - Por uma razão que a gente não sabe explicar os avistamentos ocorrem muito em serras, regiões onde têm hidrelétricas, ou onde tem material mineral em grande quantidade.
JC - Há teoria de que são visitas extraterrestres e os casos são bem divulgados?
Sim, mas passa a ter a influência sociológica, porque os casos são replicados na Internet e geram muitos comentários. O caso cresce de tal forma que você depois não consegue mais negar.
JC - O avanço da tecnologia e a ficção científica alimentam essa onda. Hoje se propaga mais?
Ricardo Varela - A informação é muito rápida e está acessível 24 horas por dia. Qualquer coisa tem poder de esparramar de uma forma nunca vista. E não fica mais no âmbito local, a repercussão é até internacional.
JC - A Força Aérea Brasileira liberou milhares de páginas de documentos sobre registro de óvnis?
Ricardo Varela - Sim, existem milhares documentos liberados pela FAB, mas pelo que eu li desse material, se observa que raras vezes existe uma investigação séria. Só há registro e relatos. Não existe investigação posterior detalhada. Pelo menos não vimos nenhum documento assim. O primeiro caso que ganhou uma melhor apuração é, de 19 de maio de 1986, em São Bernardo dos Campos, em que até o ministro da Aeronáutica pediu abertura de Comissão de Inquérito. Isso nunca aconteceu. Até hoje esse caso não tem explicação. No relatório consta defeito de equipamento. [Veja texto ao lado]
JC - Não existe então explicação de um tipo de fenômeno que ocorre em alguns casos?
Ricardo Varela - Sim, para alguns casos não existe explicação oficial. São indícios que são tão inconstante e instáveis que leva a achar que onde há fumaça há fogo, mas é subjetivo. É um fenômeno nada científico ou observacional.
JC - O que levou você pesquisar este assunto, na academia o tema é polêmico?
Ricardo Varela - É tabu esse assunto na academia. É difícil colocar para análise científica. Não se consegue montar um ambiente de teste de investigação. Praticamente todos eles podem levar para alguma área da ciência que estudaria o fenômeno.
JC - O Inpe não pesquisa?
Varela - O Instituto não tem interesse, eu faço isso pessoalmente. Agora pelos documentos que tivemos acesso, principalmente, de americanos existe uma investigação muito séria, com estatística e no caso do Brasil temos a liberação de documentos que deu para verificar qual região apresentou mais casos no país, qual tipo de avistamento e quais as condições. No exterior tem grupos de estudos. Recentemente, um ex-servidor do Pentágono declarou que havia um estudo sistemático de Óvni nos EUA. A Rússia e a China estudam muito. A Bélgica liberou documentos, assim como a França, o que demonstrou que aqueles dois países tinham estudo sério, não igual à do Brasil só de registro de algumas ocorrências. O problema é que não há um critério para o registro desses fenômenos.
JC - Um levantamento aponta que até 2015 no Brasil houve 710 casos de avistamentos de Óvnis?
Varela - Esse levantamento é somente casos que foram registrados oficialmente. Há vários aeroportos que têm guarnição militar e o comando militar pode não se interessar em fazer esse registro. Não existe norma militar que exige o registro desse tipo de tráfego aéreo no Brasil.
Fonte
JCNet
No próximo dia 1 de julho completa 50 anos de um dos fenômenos mais comentados em Botucatu: a suposta descida de uma nave extraterrestre em uma área do distrito de Rubião Júnior, onde atualmente é campus da Unesp. O caso é sempre lembrado, porque há registro na imprensa da cidade com depoimentos e fotos das marcas no solo deixadas pelo objeto que teria aterrissado. É um assunto até hoje que continua polêmico, ajudou a impulsionar o aparecimento de outros avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados (ÓVNI), principalmente próximo às Três Pedras, na chamada Cuesta.
O assunto gera tanta discussão que o estudante Jean Carlos Guaré Madrid, morador naquele município, decidiu escolher o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obter o diploma de jornalismo ao elaborar uma reportagem de rádio sobre o pouso nas Três Pedras, o relato surpreendente de contatos extraterrestres na cidade de Botucatu. O trabalho foi apresentado esta semana na Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru. “Até hoje existe uma dificuldade de as pessoas envolvidas no caso falarem ou concederem entrevistas. Sempre pedem o anonimato com receio de serem ridicularizadas”, conta.
A aparição desses objetos alimenta uma especulação, mas sempre envolto de mistério. A região da Cuesta seria um local propício para as aparições dessas luzes, segundo ufólogos. O historiador João Figueiroa que tem arquivado digitalmente as fotos do acervo do jornal Gazeta de Botucatu tem as fotografias da época do local onde supostamente teria descido a nave. Há também o caso é da abdução de João Valério de Souza considerado irreal para muitos. “É uma história fantástica que as pessoas brincam e não levam a sério, mas o caso foi relatado em livro divulgado no exterior”, conta o historiador.
Mas há muita fraude e casos que podem ser explicados tecnicamente. Em São José dos Campos, o engenheiro eletrônico Ricardo Varela é conhecido como um pesquisador desses relatos. Ele trabalha na área de tecnologia da informação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e passou a analisar esses casos. De acordo com ele, de 100 apenas de 3 a 2 dois casos não tem explicação.
Varela não é um cético, mas procura buscar meios científicos para analisar os casos. Segundo ele, mesmo os casos relatados pela Força Aérea Brasileira (FAB) são muito mal apurados. Os milhares de documentos que a Aeronáutica liberou demonstram que poucos foram os casos que continuaram a ser investigados. Uma dessas exceções é a “Noite dos Óvnis” que atormentou São José dos Campos em 19 de maio de 1986 e até hoje não tem explicação. “A justificativa é falha nos equipamentos”, disse Varela, que falou por telefone ao JC sobre o registro de objetos voadores não identificados.
O ufólogo Braz Titon admite que esse caso é uma dúvida até hoje, porém os testemunhos da suposta aparição são vários depoimentos. Segundo ele, não iriam inventar o fato de tão real como foi contado. "Teve testemunhas, algumas ainda estão vivas, e viu o final do acontecimento. É um assunto que pode ficar a dúvida: pode, como a maior parte dos casos ficam, mas esse é bem importante para ufologia e divulgado até na revista da Time Life na época", relembra.
Titon afirma que da maior parte dos avistamentos, em torno de 99%, são criatividade e até mentira. "A pessoa inventa cria e faz", cita, relembrando um caso de aparição registrado em Agudos em fevereiro de 2011, posteriormente desmentido por se tratar de uma campanha publicitária.
O pesquisador Ricardo Varela, que trabalha em São Bernardo do Campo e pesquisa o fenômeno, é da mesma opinião de Titon de que um porcentual pequeno dos casos não tem uma explicação (leia texto na página 19).
O ufólogo botucatuense relembra que a imagem de Agudos era muito bem feita. "A pessoa fez dramatização muito boa, por isso 99% dos casos são mentirosos, mas 1% não tem explicação. Botucatu é um desses locais onde tem alta incidência desses casos, temos a Cuesta, o Aquífero Guarani o maior reservatório de água do mundo e muitas represas na região. "Tudo isso é energia e atrai esses Óvnis", conta.
É um assunto polêmico que gera inquietações. Segundo Titon, quem testemunhou geralmente não gosta de falar sobre os casos por terem receios de serem ridicularizados. O ufólogo admite que as testemunhas do caso de 1968, ainda garotos, já na vida adulta não gostam e evitam comentar sobre os casos.
O estudante de jornalismo Jean Carlos Guaré Madrid, de Botucatu, que fez um trabalho de conclusão de curso sobre o tema, confirma que encontrou dificuldade para ouvir as pessoas que testemunharam algum fenômeno (leia texto nesta página).
O historiador João Figueiroa, que pesquisa a história de Botucatu, tem em seu acervo a matéria e as fotos da época. "É um assunto tabu por ficar entre o real e verdadeiro, mas a matéria não é fantástica trabalha com pessoas reais", explica.
As testemunhas são crianças e uma senhora que viu a nave. "O disco chegou voando bem baixo e foi visto a curta distância por uma senhora, uma professora aposentada residente em Rubião, que deu pouca importância, para não ser chamada de 'biruta'. O objeto era cinza, sem asas, com cúpulas em cima e em baixo, e voava inclinado ligeiramente em relação ao chão. Porém, tendo pousado minutos depois, em outro lugar, mais ou menos umas 12h10, foi flagrado por três meninos que ali brincavam, quando já tinha descido a escadinha central, tendo ficado estacionado uns 20 ou 30 minutos", relata Figueiroa com base na matéria da época.
De acordo com ele, muitas pessoas viram, mas é um assunto muito polêmico até hoje. As testemunhas hoje já adultos não falam e se recusar a comentar. "É um assunto quase irreal e não levado a sério. É um caso que caiu no esquecimento e vira deboche", revela.
Estudante usa tema como TCC em Bauru
Não tem como fugir do assunto em Botucatu. De tanto ouvir essas histórias sobre disco voador o estudante Jean Carlos Guaré Madrid decidiu escolher o trabalho de conclusão de curso (TCC) para obter o diploma de jornalismo na Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru. Ele produziu uma reportagem de rádio sobre o pouso nas Três Pedras, o "relato surpreendente de contatos extraterrestres na cidade de Botucatu" apresentado na última semana. "Até hoje existe uma dificuldade de as pessoas envolvidas no caso falarem ou concederem entrevistas. Sempre pedem o anonimato com receio de serem ridicularizadas", conta.
Essa é uma das constatações de Jean que procurou ufólogos e pessoas que dizem ter visto os Óvnis. É um tema tabu levar um assunto desses que, na maior parte das vezes tem uma conotação mais para o misticismo do que para a ciência. O estudante admite que ficou espantado pelo número tantas pessoas admitirem ter visto.
O receio de expor é um comportamento também citado pelo ufólogo Braz Titon e o historiador João Figueiroa. No município já teve até evento de ufologia em uma fazenda. Jean no material colhido conta a história da abdução de João Valério de Souza, relato esse que foi feito a ufologista que publicou em livro em inglês e alemão. "É o relato mais forte que tem aqui. O outro é o que aconteceu na área onde é atualmente o campus da Unesp em Rubião Jr. Nesse caso consegui localizar os pais das crianças, mas evitam comentar porque o caso teve muita repercussão na época", relatou.
O estudante afirmou que o município, também conhecido como terra do Saci com muitas lendas, o assunto ufologia é muito polêmico, porque não tem como comprovar os fatos. "O que achei de material é o livro publicado no exterior e material da imprensa divulgado na época."
Jean verificou que as áreas periféricas próximas às Três Pedras são de maior incidência de aparições. O local também descrito pelo frei Fidélis ainda no século passado. De acordo com João Figueiroa, o religioso enveredou mais para o misticismo, mas muito dos seus relatos atribui para casos nesta região de Botucatu. O religioso fez um estudo detalhado do caminho percorrido pelos indígenas antes do período do descobrimento do país. O local era repletos de forças místicas e esotéricas.
Portal do multiverso
Até hoje não existe explicação. Há quem não acredite no fenômeno e atribui a um tipo de lenda urbana. O município de Botucatu é conhecido de ser um local de aparições de Objetos Voadores Não Identificados (Óvnis), principalmente pela sua localização próximo à Cuesta. O caso mais emblemático ocorreu em 1 de julho de 1968, por volta do meio-dia, quando pousou um objeto no Distrito de Rubião Jr., em área onde fica atualmente o campus da Unesp.
Um dos registros é uma matéria do Correio de Botucatu que trouxe fotos com marcas de três buracos "que poderiam ser o tripé de apoio do objeto" e a uma distância entre os sinais, dois outros afundamentos na areia, a que "logo imaginaram ser a escadinha" para possíveis desembarques. A matéria também traz testemunhos de crianças e de pessoas que teriam avistados a tal nave. Esse material foi resgatado pelo historiador João Figueiroa.
O ufólogo Braz Titon admite que esse caso gera dúvida até hoje. Segundo ele, as testemunhas não iriam inventar o fato, porque é muito bem contado. "Teve testemunhas, algumas ainda estão vivas, viu o final do acontecimento. É um assunto que pode ficar a dúvida: pode, como a maior parte dos casos ficam, mas esse é bem importante para ufologia e divulgado até na revista da Time Life na época", relembra.
Titon afirma que a maior parte dos avistamentos, em torno de 99%, são criatividade e até mentira. "A pessoa inventa cria e faz", cita, relembrando um caso de aparição registrado em Agudos em fevereiro de 2011, posteriormente desmentido por se tratar de uma campanha publicitária.
O ufólogo botucatuense relembra que a imagem de Agudos era muito bem feita. "A pessoa fez dramatização muito boa, por isso 99% dos casos são mentirosos, mas 1% não tem explicação. Botucatu é um desses locais onde tem alta incidência desses casos, temos a Cuesta, o Aquífero Guarani o maior reservatório de água do mundo e muitas represas na região. Tudo isso é energia e atrai esses Óvnis", conta.
É um assunto polêmico que gera inquietações. De acordo com Titon, quem testemunhou geralmente não gosta de falar sobre os casos por terem receios de serem ridicularizados. O ufólogo admite que as testemunhas do caso de 1968, ainda garotos, já na vida adulta não gostam e evitam comentar sobre os casos. O estudante de jornalismo Jean Carlos Guaré Madrid, de Botucatu, fez um trabalho de conclusão de curso sobre o tema e confirma que encontrou dificuldade para ouvir as pessoas que testemunharam algum fenômeno.
O historiador João Figueiroa, que pesquisa a história de Botucatu, tem em seu acervo a matéria e as fotos da época. "É um assunto tabu por ficar entre o real e verdadeiro, mas a matéria não é fantástica trabalha com pessoas reais", explica.
As testemunhas são crianças e uma senhora que viu a nave. "O disco chegou voando bem baixo e foi visto a curta distância por uma senhora, uma professora aposentada residente em Rubião, que deu pouca importância, para não ser chamada de 'biruta'. O objeto era cinza, sem asas, com cúpulas em cima e em baixo, e voava inclinado ligeiramente em relação ao chão. Porém, tendo pousado minutos depois, em outro lugar, mais ou menos 12h10, foi flagrado por três meninos que ali brincavam, quando já tinha descido a escadinha central, tendo ficado estacionado uns 20 ou 30 minutos", relata Figueiroa com base na matéria da época.
De acordo com ele, muitas pessoas viram, mas é um assunto muito polêmico até hoje. As testemunhas hoje já adultos não falam e se recusam a comentar. "É um assunto quase irreal e não levado a sério. É um caso que caiu no esquecimento e vira deboche", revela.
'Há muitos erros de interpretações'
O engenheiro eletrônico Ricardo Varela busca dar mais credibilidade aos estudos sobre objetos voadores não identificados. Ele trabalha na área de segurança da informação no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), porém essa tarefa de "caçador de óvni" é desenvolvida pessoalmente sem ligação com o instituto em São Bernardo dos Campos, que, de acordo com o ufólogo, não tem interesse em pesquisar o tema considerado tabu na academia. Varela se interessou no assunto após assistir a uma palestra do general Alfredo Moacyr Uchôa em 1982, em Brasília, um dos pioneiros da ufologia, no Brasil, e também estudioso da parapsicologia.
O general escreveu vários livros dos quais "Além da parapsicologia – 5.ª e 6.ª dimensões da realidade; "A parapsicologia e os discos voadores – O caso Alexânia"; "Mergulho no hiperespaço – Dimensões esotéricas na pesquisa dos discos voadores"; Muito além do espaço e do tempo"; entre outros.
A maior parte dos casos de Óvnis são erros de interpretações, há aparições que podem ser explicadas cientificamente e uma porcentagem muito pequena, algo abaixo de 3%, não são explicadas de nenhuma forma, daí vem acrônimo UFO (Unidentifield Flying Object) cunhado pelos americanos que traduzido para o português é Objeto Voador Não Identificado (Óvni). Também não significa que são naves extraterrestres, mas a conotação com algo que vem do espaço é usual.
De acordo com ele, num levantamento que não é muito preciso aponta de que 100% dos casos analisados uma pequena porcentagem é inexplicável e, por enquanto, ainda não há meios para chegar a uma conclusão. O restante tem erro de interpretação ou "aberração óptica", termo para explicar que falhas em filmagens e ao bater a fotografia gera falso negativo. A seguir os principais trechos da entrevista dada por telefone pelo especialista em ufologia.
JC - Existe um levantamento que cerca de 97% dos casos têm explicação e no mínimo 3% de casos são inexplicáveis?
Ricardo Varela - Olha até menos do que isso. As estatísticas existentes não têm muita precisão, não há ainda um levantamento muito sério. A gente faz o que cada um dos colegas (ufólogos) também fazem: para chegar a um valor o índice é até menor dessas projeções de casos inexplicáveis. Em cada 100 deles, talvez tenham dois ou três válidos.
JC - O que é a maior parte dos casos?
Ricardo Varela - Tem de tudo, a primeira delas é erro de interpretação como chamamos. É, por exemplo, ver um avião na posição diferente, mas você acha que é um Óvni. Normalmente, no outono-inverno no fim de tarde, há rastro de condensação de gás que fica curtinho - aquela fumaça que se forma e misturada ao pôr do sol parece um disquinho dourado. Isso tem reflexo interno em lentes, é o que chamamos de 'aberrações' ópticas. Os erros de croma [alta saturação pode misturar cores], os efeitos de prisma da lente, dependendo do ângulo que a luz está incidindo, separa a luz nas cores primárias, que é vermelho, verde e azul. Essas cores formam bolinhas. Então, isso é muito comum. Há também quando tira a foto com flash em dia muito úmido, aparece as bolinhas brancas, que são o reflexo da luz do flash. E por aí vai, até pássaros voando pode dar a impressão de algo diferente em movimento conforme é avistado a distância.
JC - Houve período de muita incidência em determinado com relatos de objetos voadores, mas depois há retração?
Ricardo Varela - Quando de repente aparecia os casos na televisão, as pessoas ficavam mais conectadas. Hoje com os celulares - todos têm câmeras potentes - essa onda fica diluída. Continua acontecendo (as aparições), mas são atenuadas pela quantidade enorme de erros de interpretação. Não parece mais que existe uma onda de aparições de objetos voadores não identificados, a impressão são de vários eventos no ano todo, porém antes existia onda de aparições em determinado período e por isso ficava mais conhecido e divulgado os casos. Atualmente tem quantidade muito grande de vídeos e fotos com erros de interpretação por ser muito mais fácil burlar com aplicativos de imagens, porque os equipamentos cada vez estão mais poderosos. Isso causa o que chamamos de falso positivo.
JC - Como é feita essa pesquisa?
Ricardo Varela - Se tem uma foto ou vídeo procuramos identificar ao máximo a questão tecnicamente. O tipo de câmera, as características, se o flash estava ligado, qual era a distância focal, se tinha zoom ou não, os dados sociológicos - quem é a pessoa - os dados do avistamento, a hora, se estava frio ou calor, se tinha nuvem ou não, o local do avistamento, se teve alguma sensação de quente ou frio.
JC - Onde tem mais esse fenômeno?
Ricardo Varela - Por uma razão que a gente não sabe explicar os avistamentos ocorrem muito em serras, regiões onde têm hidrelétricas, ou onde tem material mineral em grande quantidade.
JC - As aparições alimentam histórias de extraterrestre?
Ricardo Varela - Passa a ter a influência sociológica, porque os casos são replicados na internet e geram muitos comentários. O caso cresce de tal forma que você depois não consegue mais negar.
JC - O avanço da tecnologia e a ficção científica alimentam essa onda?
Ricardo Varela - A informação é muito rápida e está acessível 24 horas por dia. Qualquer coisa tem poder de esparramar de uma forma nunca vista. E não fica mais no âmbito local, a repercussão é até internacional.
JC - A Força Aérea brasileira liberou milhares de páginas de documentos sobre registro de óvnis?
Ricardo Varela - Sim, existem milhares documentos, mas pelo que eu li desse material, se observa é que raras vezes existe uma investigação séria. Só há registro e relato. Não existe investigação posterior detalhada. Pelo menos não vimos nenhum documento assim. O primeiro caso que ganhou uma melhora apuração é, de 19 de maio de 1986, em São Bernardo de Campos, em que até o ministro da Aeronáutica pediu abertura de Comissão de Inquérito. Isso nunca aconteceu. Até hoje esse caso não tem explicação. No relatório consta defeito de equipamento. [Veja texto ao lado]
JC - Não existe então explicação de um tipo de fenômeno que ocorre em alguns casos?
Ricardo Varela - Sim, para alguns casos não existe explicação oficial. São indícios que são tão inconstante e instáveis que leva a achar que onde há fumaça há fogo, mas é subjetivo. É um fenômeno nada científico ou observacional.
JC - O que levou você pesquisar este assunto, na academia o tema é polêmico?
Ricardo Varela - É tabu esse assunto. É difícil colocar este assunto para análise científica. Não se consegue montar um ambiente de teste de investigação. Praticamente todos eles podem levar para alguma área da ciência que estudaria o fenômeno.
JC - O INPE não pesquisa?
Varela - O Instituto não tem interesse, eu faço isso pessoalmente. Agora pelos documentos que tivemos acesso, principalmente, de americanos existe uma investigação muito séria, com estatística e no nosso caso do Brasil temos uma liberação de documentos que conseguiu ter um diagnóstico de qual região apresentou mais casos, qual tipo de avistamento, quais as condições. Esse material foi liberado pela FAB. No exterior tem grupos de estudos. Recentemente, um ex-servidor do Pentágono declarou que havia um estudo sistemático de Óvni nos EUA. A Rússia e a China estudam muito. A Bélgica liberou documentos, assim como a França, o que demonstrou que tinham estudo sério, não igual à do Brasil só de registro de algumas ocorrências. O problema é que não existe um critério para o registro desses fenômenos.
Noite dos Óvnis
O engenheiro eletrônico Ricardo Varela busca dar mais credibilidade aos estudos sobre objetos voadores não identificados. Ele trabalha na área de segurança da informaçã no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de São Bernardo dos Campos, porém essa tarefa de "caçador de óvni" é desenvolvida pessoalmente sem ligação com o instituto, que não tem interesse pesquisar o tema considerado tabu na academia. Varela, por exemplo, se interessou no assunto após assistir a uma palestra do general Alfredo Moacyr Uchôa em 1982, em Brasília, um dos pioneiros da ufologia, no Brasil, e também estudioso da parapsicologia.
O general escreveu vários livros dos quais "Além da parapsicologia - 5.ª e 6.ª dimensões da realidade, "A parapsicologia e os discos voadores - O caso Alexânia", "Mergulho no hiperespaço - Dimensões esotéricas na pesquisa dos discos voadores", "Muito além do espaço e do tempo", entre outros.
A maior parte dos casos de Óvnis são erros de interpretações, há aparições que podem ser explicadas e uma porcentagem muito pequena, algo abaixo de 3%, não são explicadas de nenhuma forma, daí vem acrônimo UFO (Unidentifield Flying Object) cunhado pelos americanos que, traduzido para o português, é Objeto Voador Não Identificado (Óvni). Também não significa que são naves extraterrestres, mas a conotação com algo que vem do espaço é usual.
De acordo com ele, num levantamento que não é muito preciso aponta que essa pequena porcentagem é inexplicável e, por enquanto, ainda não há meios para chegar a uma conclusão. O restante tem erro de interpretação ou "aberração óptica", termo para explicar que falhas em filmagens e ao bater a fotografia gera falso negativo. A seguir, os principais trechos da entrevista dada ao JC por telefone pelo especialista em ufologia.
JC - Existe levantamento de que cerca de 97% dos casos têm explicação e no mínimo 3% são inexplicáveis?
Ricardo Varela - Olha até menos do que isso são inexplicações. As estatísticas existentes não têm muita precisão, não há ainda um levantamento muito sério. A gente faz o que cada um dos colegas (ufólogos) também fazem: para chegar a um valor o índice é até menor dessas projeções de casos inexplicáveis. Em cada 100 deles, talvez tenham dois ou três válidos.
JC - O que são a maior parte dos casos?
Ricardo Varela - Tem de tudo, a primeira delas é erro de interpretação como chamamos. É, por exemplo, ver um avião na posição diferente, mas você acha que é um Óvni. Normalmente, no outono-inverno no fim de tarde, há rastro de condensação de gás que fica curtinho - aquela fumaça que se forma e misturada ao pôr do sol parece um disquinho dourado. Isso tem reflexo interno em lentes, é o que chamamos de 'aberrações' ópticas. Os erros de croma [alta saturação pode misturar cores], os efeitos de prisma da lente, dependendo do ângulo que a luz está incidindo, separa as cores primárias, que é vermelho, verde e azul. Essas cores formam bolinhas. Então, isso é muito comum. Há também quando tira a foto com flash em dia muito úmido, aparece as bolinhas brancas, que são o reflexo da luz do flash. E por aí vai, até pássaros voando pode dar a impressão de algo diferente em movimento conforme é avistado a distância.
JC - Houve muita incidência em determinado período com relatos de objetos voadores, mas depois há retração?
Ricardo Varela - Quando de repente aparecia os casos na televisão, as pessoas ficavam mais conectadas. Hoje com os celulares - todos têm câmeras potentes - essa onda fica diluída. Continua acontecendo (as aparições), mas são atenuadas pela quantidade enorme de erros de interpretação. Não parece que existe uma onda de aparições de objetos voadores não identificados, a impressão são de vários eventos no ano todo, porém antes existia onda de aparições em determinado período e, por isso, ficava mais conhecido e divulgado os casos. Atualmente tem quantidade muito grande de vídeos e fotos com erros de interpretação por ser muito mais fácil burlar com uso de aplicativos de imagens, porque os equipamentos cada vez estão mais poderosos. Isso causa o que chamamos de falso positivo.
JC - Como é feita essa pesquisa?
Ricardo Varela - Se tem uma foto ou vídeo procuramos identificar ao máximo a questão tecnicamente. O tipo de câmera, as características, se o flash estava ligado, qual era a distância focal, se tinha zoom ou não, os dados sociológicos - quem é a pessoa - os dados do avistamento, a hora, se estava frio ou calor, se tinha nuvem ou não, o local do avistamento, se teve alguma sensação de quente ou frio.
JC - Onde tem mais esse fenômeno?
Ricardo Varela - Por uma razão que a gente não sabe explicar os avistamentos ocorrem muito em serras, regiões onde têm hidrelétricas, ou onde tem material mineral em grande quantidade.
JC - Há teoria de que são visitas extraterrestres e os casos são bem divulgados?
Sim, mas passa a ter a influência sociológica, porque os casos são replicados na Internet e geram muitos comentários. O caso cresce de tal forma que você depois não consegue mais negar.
JC - O avanço da tecnologia e a ficção científica alimentam essa onda. Hoje se propaga mais?
Ricardo Varela - A informação é muito rápida e está acessível 24 horas por dia. Qualquer coisa tem poder de esparramar de uma forma nunca vista. E não fica mais no âmbito local, a repercussão é até internacional.
JC - A Força Aérea Brasileira liberou milhares de páginas de documentos sobre registro de óvnis?
Ricardo Varela - Sim, existem milhares documentos liberados pela FAB, mas pelo que eu li desse material, se observa que raras vezes existe uma investigação séria. Só há registro e relatos. Não existe investigação posterior detalhada. Pelo menos não vimos nenhum documento assim. O primeiro caso que ganhou uma melhor apuração é, de 19 de maio de 1986, em São Bernardo dos Campos, em que até o ministro da Aeronáutica pediu abertura de Comissão de Inquérito. Isso nunca aconteceu. Até hoje esse caso não tem explicação. No relatório consta defeito de equipamento. [Veja texto ao lado]
JC - Não existe então explicação de um tipo de fenômeno que ocorre em alguns casos?
Ricardo Varela - Sim, para alguns casos não existe explicação oficial. São indícios que são tão inconstante e instáveis que leva a achar que onde há fumaça há fogo, mas é subjetivo. É um fenômeno nada científico ou observacional.
JC - O que levou você pesquisar este assunto, na academia o tema é polêmico?
Ricardo Varela - É tabu esse assunto na academia. É difícil colocar para análise científica. Não se consegue montar um ambiente de teste de investigação. Praticamente todos eles podem levar para alguma área da ciência que estudaria o fenômeno.
JC - O Inpe não pesquisa?
Varela - O Instituto não tem interesse, eu faço isso pessoalmente. Agora pelos documentos que tivemos acesso, principalmente, de americanos existe uma investigação muito séria, com estatística e no caso do Brasil temos a liberação de documentos que deu para verificar qual região apresentou mais casos no país, qual tipo de avistamento e quais as condições. No exterior tem grupos de estudos. Recentemente, um ex-servidor do Pentágono declarou que havia um estudo sistemático de Óvni nos EUA. A Rússia e a China estudam muito. A Bélgica liberou documentos, assim como a França, o que demonstrou que aqueles dois países tinham estudo sério, não igual à do Brasil só de registro de algumas ocorrências. O problema é que não há um critério para o registro desses fenômenos.
JC - Um levantamento aponta que até 2015 no Brasil houve 710 casos de avistamentos de Óvnis?
Varela - Esse levantamento é somente casos que foram registrados oficialmente. Há vários aeroportos que têm guarnição militar e o comando militar pode não se interessar em fazer esse registro. Não existe norma militar que exige o registro desse tipo de tráfego aéreo no Brasil.
Fonte
JCNet